Após uma temporada de trabalho árduo, dedicada a uma tarefa pessoal de investimento académico, que invariavelmente me levou para longe das terras deste nosso espaço, voltei de malas e bagagens. Neste sentido, como esta actividade emprestou muito do tempo que era do Agir e Sentir, resolvi partilhar um bocadinho (inho, inho, inho,...) do meu trabalho. Por motivos clínicos, trabalho frequentemente com famílias. Assim, optei por aprofundar os estudos que a violência nas relações entre pais e filhos apresenta sobre os jovens
adultos e enfatizar os benefícios de assumir e comunicar o conflito, dentro do
seio familiar. Em todas famílias existem diferenças inultrapassáveis, que geram
atritos e mal-estar geral. Ao reconhecer que nenhuma família é perfeita e que o conflito é comum, será
mais fácil e normal abordar esta temática, de uma forma saudável. Já que existe e que é geral, porque não aceitar e aprender a
lidar esta realidade que é de todos nós!
lidar esta realidade que é de todos nós!
Como podem imaginar, este tema levou a uma infindável ramificação de assuntos associados, mas hoje, vou descrever, com o auxílio de Cury (2012), certos comportamentos e atitudes que distinguem os pais
excepcionais. Poder-se-iam escrever enciclopédias sobre este assunto... No entanto, para não afugentar ninguém, vamos apenas começar por umas mini dicas que, quando bem implementadas, farão toda a diferença!
É
essencial que os pais compreendam que, por melhores que sejam as suas
intenções, o agir com o máximo bem-estar dos seus filhos em mente nem sempre
resulta no que é melhor para eles. À medida que os filhos vão crescendo e se
vão tornando em jovens adultos é fulcral atentar nas suas opiniões (ouvir para além do que os ouvidos nos permitem, com muita disponibilidade!), respeitar o
seu espaço, a sua privacidade e adequar os cuidados ao nível de desenvolvimento (sempre mantendo as funções de segurança e apoio! Pois é, dá trabalho... Mas afirmam os pais por esse mundo fora que compensa... Confere?).
Nenhum pai ou mãe é infalível, pelo que esta interação apenas pode acrescentar
benefícios ao sistema familiar. Os pais devem entregar-se a si mesmos aos seus filhos, uma vez que são os vínculos que
definem a qualidade da relação entre eles. Os jovens registam constantemente
todos os comportamentos, bons e maus, sendo que o registo na memória é
involuntário. Tudo o que é registado não pode ser apagado, apenas pode ser
reeditado através de novas experiências que sejam registadas sobre experiências
antigas. Importa ter atenção que reeditar é um processo possível mas
complicado. Assim mais vale sermos cuidados logo à partida. É importante que os pais alimentem a personalidade dos seus filhos
com igual empenho ao que dedicam à sua nutrição alimentar, preparando-os para
serem seres humanos que conhecem os seus limites e as suas forças. Um ponto
muito relevante é que os pais nunca desistam dos filhos, ainda que estes os
decepcionem e apresentem transtornos emocionais (por mais difícil que esta tarefa se revele!). É fundamental que um pai valorize mais a pessoa que erra do que o erro da pessoa (este conselho pode generalizar-se a várias esferas da vida, certo?...). A maturidade é
revelada pela forma inteligente como se corrige alguém, pelo que até a traçar
limites devem ser dadas explicações. Ao castigar-se num estado de grande
intensidade emocional, bloqueiam-se os campos de memória. Desta forma, não
acedendo à memória, perde-se a racionalidade, pelo que o castigo poderá ser
ilógico ou injusto (daí que a punição física seja desapropriada, não apenas pelo modo como é efectuada mas, claro, pelas consequências significativas que daí advém). É fulcral que se seja capaz de elogiar um filho antes de o corrigir ou
criticar, já que assim o amor prevalece e a flexibilidade também. Criticar
sem antes elogiar bloqueia a inteligência, leva a que se reaja por instinto, uma vez que potencia a sensação de ameaça.
E por agora ficam apenas estas pequenas (grandes!) sugestões que que, ao serem incutidas como bons hábitos, vão garantir um vínculo entre pais e filhos muito mais saudável! E saúde e amor nunca fez mal a ninguém!
Olá! Gostei muito do que escreveu, está muito bom!!!
ResponderEliminarTenho seguido as suas publicações. tenho o seu blogue na minha lista de blogues que estou a seguir :)
Beijinho e tudo de bom!!
Tiago Folhento
Ola Tiago!
ResponderEliminarMuito obrigada pelo interesse e pelas suas palavras. Espero que este seja um espaço onde possamos partilhar ideias!
É sempre muito benvindo!
Muito bom texto! Por vezes pequenas atitudes mudam tanto na maneira como transmitimos uma mensagem, e tal como os pais, também no dia-a-dia era tão mais fácil que as decisões não fossem tomadas a quente e sem noção das consequências nos nossos filhos!
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