Avançar para o conteúdo principal

Texto autocentrado, com pretensões de heteroreflexão!

Olá a todos!

Ponderei muito sobre partilhar este tema ou não. Porque este tema sou eu. No entanto, quando a informação que temos pode ser uma linha orientadora para convidar à reflexão, porque não? Somos feitos de limites e de barreiras, bem necessários e construtivos, mas importa que, dentro desses traços haja espaço para respeito, partilha, liberdade e amor. Tentarei escrever com esta máxima em mente porque tento viver assim desde que me lembro de ser gente (e a minha memória tem dias bons, como alguns de vocês saberão!).

Recentemente, fui obrigada a ausentar-me do trabalho clínico, durante mais de dois meses. Desde há  (bem...) mais de uma década que não me lembro de isto ocorrer. Mesmo durante o último ano de faculdade, já tinha iniciado consultas, acompanhadas, como uma estagiária bem-comportadinha, mas sempre com muito empenho. Desde aí até ao dia de hoje, que tenho muita dificuldade em pausar o trabalho. Como é que se pausa o acompanhamento a pessoas que nos entregam um pedacinho de si mesmas e o deixam a marinar dentro da nossa preocupação e afectos? Claramente, escapou-se-me isto durante o curso. Sou de
entrega, de empatia, de acompanhamento presente. E, nesses meandros, a afectividade vai tomando lugar e como os problemas da vida não param, é-me difícil afastar-me mais do que as tradicionais duas semanas de férias.

Neste seguimento, e após perceber que teria de ser submetida a uma cirurgia, lá impus as esperançosas duas semanas de férias para poder "tratar disto". Diz a ironia da vida (que na altura até tomou a forma do corpo profissional de saúde que me seguia) que nem tudo é como queremos e que devia esperar que assim fosse, no entanto, contando com o inesperado. Se não acreditam nisto espreitem lá aqui

E, naturalmente, que o universo achou que esta seria uma altura tão boa como outra qualquer para me dar uma lição de vida. Foi assim que duas semanas se transformaram em dois meses, e eu sem poder regressar ao trabalho. Foi um momento pessoal muito duro e difícil mas que culminou numa fase repleta de mimo e de afeição. Confesso que, por mais simpática que achasse que eu pudesse ser ou até mesmo a quem me rodeia, nunca seria capaz de compreender até que ponto seria inundada de carinho e de preocupação. Desta forma, este momento terrível converteu-se num momento em que me senti preenchida por uma imensa gratidão, a qual estou convencida que fez acelerar o próprio processo biológico de convalescença, só para poder afirmar que já estava tudo bem e que estava de volta, e, acima de tudo, para descansar estas pessoas maravilhosas que descobri que não existem só no cinema. 

Obrigada, com o coração todo.

Acontece que, no meio disto tudo, era Verão quando dei entrada no hospital. Estava calor, cheirava a quente, vestia-se roupinha fresca. Após esta fase, quando pude voltar a sair, arrepiei-me. Não de frio, que o estava, mas porque percebi.... que era quase Natal! Natal! Como é possível eu ter perdido um episódio da minha vida e, de repente, estar tudo decorado para a época natalícia? Isto levou-me a pensar muito sobre a perenidade e fragilidade de que padecemos, enquanto seres vivos. Numa das primeiras consultas que tive, mal regressei ao trabalho, ouvi alguém dizer que "estou a aguardar pela reforma para fazer essa viagem, podia ir agora mas um dia tenho mais tempo". E eu, sentadinha em frente, com aquele ar psic, pisquei os olhos, a absorver a realidade, sorri e só consegui dizer "Está à espera de quê?...", apontei para mim mesma e os risos tornaram-se óbvios. 

Ouvimos isto nos filmes, nos livros, nas bocas alheias, até o António Variações, do alto da sua sabedoria, nos alertou que "é para amanhã, bem podias fazer hoje". Contudo, desta vez aconteceu-me a mim. A mim e às pessoas que, mais ou menos junto a mim, perceberam que a vida é breve, fugaz e efémera. E quase que deixa de ser, só com um piscar de olhos. Este texto podia ser sobre procrastinação, uma vez que falamos de adiar. Na realidade não o é. Com esta partilha, sugiro que ponderem sobre aquelas vezes em que andam para escrever a alguém, ligar a não sei quem ou até mesmo ir tomar café com outrem. Alguém que gostem mesmo e com quem queiram estar, embora o tempo não vos permita. Quem diz isto, diz ir fazer aquele adiado workshop de culinária, ir visitar Óbidos ou experimentar o famoso restaurante novo. Tentem idealizar um exemplo específico que tenham pendente. Agora, pensem há quanto tempo andam a arrastar essa vontade. Quanta energia consumida ponderando em ir, fazer, ligar, comprar e quanta frustração em adiamentos e "noutra altura dará mais jeito". Ok, há coisas que serão mais convenientes noutros momentos, mas podemos confessar que outras, simplesmente, adiamos porque... sim! E porque não. E porque nada. 

Querem fazer algo, investir em alguém, cuidar de vocês? 
É capaz de ser boa ideia não deixar para amanhã!

Pode demorar demais e deixar de fazer sentido. Pode ser um amanhã demasiado longínquo ou inexistente. Querem fazer? Façam. Parece incrível, mas é realmente assim tão simples.


PS: Sim, eu sei que tenho pendente um texto sobre como trabalhar para ser mais feliz. Está no forno! Achei que esta partilha poderá agilizar a execução das sugestões que aí vêem, uma espécie de amuse-bouche para abrir apetites. 



Comentários

Mensagens populares deste blogue

Gestão das Emoções, suas competências e aspectos

Continuemos a nossa jornada pela Gestão dos nosso sentimentos! Hoje vamos conhecer, aprofundadamente, o modo de gerirmos as nossas emoções, tendo em conta os seus aspectos pessoais e sociais! Mas atenção: Ler é fácil... Difícil é por em prática o que descobrimos. Mas se pensarmos bem, o mero conhecimento da vida não nos permite vive-la, portanto sugiro: porque não experimentar o que vos parecer agradável?

Confiança em si próprio

Auto-confiança! Esta palavrinha pequena, com consequências tão grandes! Com toda a certeza, há dias em que se sentem mais seguros de vocês próprios e outros que parece que não vale a pena afirmarem-se nadinha, pois estão muito incertos que valha a pena partilharem o que quer que seja... Ainda podem conhecer aquelas pessoas, que "muito cheias delas mesmas", consideram que, independentemente de com quem estão, eles sabem mais, conhecem melhor, praticam com mais mestria! Daí que seja tão útil (e mais agradável para a sociedade!!!) termos um nível óptimo de auto-confiança! Para cuidarmos bem de nós e para respeitarmos o outro! Mais à frente iremos aprofundar a

Todo o tempo do mundo, para ti

Olá a todos! Leio, frequentemente, o mesmo através de livros, artigos e qualquer linha que caia sobre o tema de ser feliz em casal: importa passar tempo de qualidade juntos . Contudo, andamos perdidos num quotidiano que mal nos deixa tempo para inspirar fundo e cheirar as flores, relaxar em frente a um filme interessante, fazer exercício físico, convidar amigos para jantar, levar os miúdos aquela actividade tão interessante, ufa... Na realidade, como é que vamos conseguir encaixar tempo para investir um no outro, conseguir o tal "tempo de qualidade"? Mesmo que se consiga, o que é que fazemos ao certo com ele? Tem de ser um super encontro semanal? Uma escapadinha romântica mensal? Ou um gesto arrebatador a cada trimestre? E a energia... o dinheiro... a motivação para embustes amorosos que, a sermos honestos, pouco acrescentam à relação, a longo prazo... Na realidade, pode parecer que advogo contra esse mesmo tempo de qualidade contudo garanto que isso não é verdade.

Posso melhorar a opinião que tenho de mim próprio?

Ora vamos finalmente inserir informações neste espaço criado para que possamos partilhar acções e sentimentos! Começamos com autoestima, conhecermos e estimularmos a nossa só depende d e nós mas afecta a todos! Leiam, ajam, s intam e comentem! Este tema ins ere-se no Desenvolvimento Pessoal, da sondagem sobre os temas que preferem, o qual mereceu o seu primeiro voto antes de todas as outras áreas, pelo que vai estrear o nosso blog! Falemos então sobre a autoestima! A autoestima é dos melhores amigos que podemos ter quer para sermos mais felizes, quer para tratarmos os outros com mais respeito! Se juntarmos o nosso auto-conhecimento e o nosso auto-respeito, deparamo-nos com a nossa autoconfiança! E se juntarmos a nossa autoconfiança à nossa autoestima, resulta no